quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Urgência


Mais um ano começou, Janeiro chegou e, com ele, um novo velho amigo: o CTI.

Fui internada no dia 29 com embolia pulmonar, e como se isso já não fosse perigoso por si só, o meu caso foi bem específico, causado por um coágulo resultante de uma trombose. Foram apenas três dias de CTI, que até tirei de letra. Mais quatro dias no quarto, e já estava pronta pra voltar pro mundo real.

Confesso que voltar pros 40º do Rio de Janeiro foi bem difícil, mas se eu sobrevivi a uma embolia e uma trombose, o resto é moleza (ou não).

Brincadeiras à parte, foram dias bastante difíceis. Alguns mais, outros menos. Mas sempre vejo as dificuldades como aprendizado e, mais do que isso, sabia que aquilo nada mais era que resultado das minhas escolhas, E se a gente deve mesmo aceitar as consequências do que achamos que nos faz melhor, essa era uma das minhas. Castigo, punição, puxão-de-orelha, o que seja. Era algo que eu precisava pagar pra aprender.

Aquela dor desconcertante na lombar, nada mais era que a reunião de um pouco da dor de cada dia. Cada cigarro acesso na varanda ou no volante, nada mais era do que uma fumaça que enganava o nó na garganta que se formou no dia que ela foi embora. Uns dias mais, outros menos. Um, três, sete, quinze por dia. 
Quis fugir de uma dor, outra se formou.
Enfarto pulmonar, punções que deram errado e mesmo todos hematomas que se formaram. Nada doeu mais do que a falta que ela ainda faz.

É. Talvez eu ainda esteja arrependida por não ter esperado o tempo. Talvez tenha dado tempo demais pro fim e pra dor. Mas a verdade é que o universo sempre nos dá o que a gente pede, e se eu pedi uma dor para poder aceitar o fim, taí: pedido atendido.
O que importa é que mais um mês - tirando o remédio das 17h e os exames semanais que vão me acompanhar por mais 6 meses - nada mudou. O tempo não volta, a saudade não dá brecha. Get over it.

Vida que segue.
h'[m]