"Três anos se passaram desde a última troca de olhares. Há dois não se falavam. As últimas notícias foram tidas em silêncio, como um segredo escondido no fundo da mente. Apenas lembranças, sem fotos, sem cartas, sem marcas concretas. Agora estavam ali, diante um do outro sem saber ao certo como agir.
Ela sorriu, e abaixou a cabeça, seguiu com seus passos fortes e largos. Ele ameaçou levantar a mão, em vão. Perderam-se novamente por entre desconhecidos que corriam ou passeavam pela rua. Ela olhou para o relógio. Ele, estático.
No dia seguinte, ele procurou os cabelos encaracolados pela mesma esquina, enquanto ela, em suas poesias, escrevia palavras que descrevem o turbilhão de sentimentos que havia passado. Quase desenha um nome no canto de sua agenda: Antônio. Apenas Antôn... Rabisca. Corrige. Anônimo. Virara um personagem. Um Anônimo conhecido, identificado como Tony por onde passava.
Tony de sorriso largo e olhos claros. Agora apenas com sua expressão vazia. Ele, sem entender o que estava sentindo, procurou qualquer coisa que pudesse tocar. Retirou do fundo da gaveta um bilhete escrito a lápis. Não era a melhor caligrafia dela.
Ela, agora com 25, olhava para a janela e manchava o rosto com lágrimas escuras, como fazia todos os dias após suas saídas noturnas, enquanto tentava esquecer. E o fez. Ainda que não completamente.
Intercalava suas poesias ao som pesado das guitarras do rock, lembrando das fotos que rasgara num outro dia qualquer.
Abriu o armário, vendo a camiseta rosa que ele havia lhe dado em seu aniversário de 21 anos. Aquela que já não mais usava, mas guardava apenas como lembrança de momentos bons."
Análise de "Senna" - Minissérie da Netflix
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Foto: Divulgação
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MEU GORGULHO
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